Qual é a diferença entre ser “inspirado” e ser “iluminado” pelo Espírito Santo?
Paulo afirma que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (II Timóteo 3:16). O apóstolo Pedro assevera que “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21). O salmista Davi declarou: “o espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca” (II Samuel 23:2). Portanto, as Escrituras Sagradas foram produzidas por “inspiração divina”. Na inspiração divina, o homem recebe as revelações através de visões e sonhos dados pelo Senhor (Números 12:6).
A Bíblia Sagrada também esclarece que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (II Pedro 1:20). Isto significa que a Palavra de Deus não pode ser interpretada de qualquer maneira e com qualquer idéia particular produzida pelos homens.
Para poder compreender o perfeito conteúdo da mensagem da Palavra de Deus, o homem necessita ser iluminado pelo Espírito Santo, o qual esclarece o sentido, o conteúdo e o significado da mensagem bíblica que foi dada por inspiração divina aos santos profetas.
Aqueles que são iluminados pelo Espírito Santo recebem o dom do discernimento espiritual para interpretar corretamente as Escrituras Sagradas. Em conjunto com o discernimento espiritual, a interpretação bíblica será sempre norteada pelo seguinte princípio: “A Bíblia interpreta-se pela Bíblia”.
As Escrituras Sagradas mostram que enquanto alguns profetas bíblicos foram inspirados e iluminados, outros jamais foram iluminados para receber qualquer compreensão a respeito de suas próprias visões e sonhos. Poucos foram os profetas que receberam iluminação, e mesmo assim, só o receberam muito tempo depois de terem sido divinamente inspirados com visões e sonhos. Por exemplo, o profeta Daniel não entendeu a visão que havia recebido sob inspiração divina: “... e espantei-me acerca da visão, e não havia quem a entendesse”. (Daniel 8:27).
O rei Nabucodonosor foi divinamente inspirado através de um sonho profético, entretanto ele não foi iluminando quanto à interpretação do seu próprio sonho profético: “Tive um sonho, que me espantou; e as imaginações na minha cama e as visões da minha cabeça me turbaram. Por mim pois se fez um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho” (Daniel 4:5-6).
O Faraó do Egito também foi divinamente inspirado, recebendo do Senhor dois sonhos proféticos, mas ele não recebeu nenhuma iluminação divina quanto à compreensão do significado de seus sonhos: “E aconteceu que, pela manhã, o seu espírito perturbou-se, e enviou e chamou todos os adivinhadores do Egito e todos os seus sábios; e Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que os interpretasse a Faraó” (Gênesis 41:8).
O apóstolo Pedro afirmou categoricamente que muitos profetas não foram iluminados quanto às próprias visões e sonhos que receberam sob inspiração divina. Razão pela qual passaram a inquirir, indagar e tratar diligentemente das profecias que tinham recebido, inspiradas pelo Senhor: “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada. Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho: para as quais coisas os anjos desejam bem atentar”. (I Pedro 1:10-12).
Os próprios apóstolos estavam sem iluminação quanto a algumas das mensagens de Jesus: “E eles nada disto entendiam, e esta palavra lhes era encoberta, não percebendo o que se lhes dizia” (Lucas 18:34). “Mas eles não entendiam essa palavra, que lhes era encoberta, para que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca dessa palavra” (Lucas 9:45). “Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia” (João 10:6).
Denota-se, portanto, que existe uma enorme diferença entre “inspiração” e “iluminação”. Na “inspiração” o profeta recebe as mensagens divinas por meio de visões e sonhos. Na “iluminação” o homem recebe o discernimento espiritual para compreender as profundezas das mensagens bíblicas.
Para receber iluminação do Espírito Santo e discernimento espiritual para compreender as mensagens das Escrituras Sagradas, a fervorosa oração do cristão deve ser uma só: “Sou teu servo: dá-me inteligência, para entender os teus testemunhos” (Salmos 119:125) e seguir o seguinte conselho do Senhor: “Aconselho-te que... unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”. (Apocalipse 3:18).