Os homens interpretam a Bíblia Sagrada de diversas maneiras. Como saber qual é a interpretação correta?
É bom lembrar que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (II Pedro 1:20). Entretanto, muitos grupos religiosos apresentam diferentes interpretações para as Escrituras Sagradas. Essas diversidades de interpretações ocorrem porque esses grupos estão oferecendo uma “particular interpretação” das Escrituras Sagradas.
Do mesmo modo como se interpreta a verdade com a própria verdade, também se interpreta a Bíblia com a própria Bíblia, porque “nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (II Coríntios 13:8).
Esse tipo de interpretação é chamado de “interpretação contextual”, porque ela leva em consideração – com exclusividade absoluta – os próprios textos bíblicos ao interpretar um texto bíblico específico. São as Escrituras interpretando as Escrituras. O resultado dessa interpretação é obrigatório e incontestável para todos os santos do Altíssimo, afinal de contas, são as próprias Escrituras dizendo ao homem como deve ser compreendido seu próprio texto.
Existe também a chamada “interpretação doutrinária”. Essa espécie de interpretação é empregada pelos estudiosos quando as Escrituras Sagradas não contém informações suficientes para permitir uma interpretação com as próprias Escrituras. Essa interpretação é baseada na opinião dos doutrinadores que, evitando contradições com conhecimentos consagrados, procuram equilibrar seus julgamentos com os princípios gerais das Escrituras, no bom senso, no senso comum, nas razões lógicas e na filosofia das próprias Escrituras Sagradas.
Também existe a “pseudo-interpretação doutrinária”, na qual o interprete emprega as Escrituras Sagradas sem nenhum critério científico, mas apenas como pretexto para defender as suas próprias opiniões pessoais, seus próprios interesses particulares ou alguma filosofia religiosa estranha às próprias Escrituras Sagradas. Dentro desse contexto, as Escrituras Sagradas são usadas como pretexto para uma obra de engano. Assim procedem algumas religiões espiritualistas orientais, o Esoterismo, a Nova Era, o Espiritismo etc.
Outra forma de interpretação é a chamada “interpretação revelada”, na qual a interpretação das Escrituras Sagradas é feita por supostas revelações divinas. Nessa forma de interpretação, ao homem não é dada a liberdade de pensar e interpretar as Escrituras Sagradas, mas esse direito pertence exclusivamente às entidades sobrenaturais. Esse fenômeno interpretativo psíquico ocorre no meio espírita e em certas agremiações pentecostais.
Diante de tantas interpretações bíblicas, como o homem pode conhecer qual é a verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas? Ora, a resposta é muito simples. Basta seguir as orientações deixadas por Jesus Cristo e pelas próprias Escrituras Sagradas.
Jesus disse aos crentes: “Examinais as Escrituras” (João 5:39). O Senhor sempre remetia os homens ao exame das Escrituras Sagradas: “E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?” (Lucas 10:26). Jesus sempre empregou as Escrituras para provar a verdade: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”. (Lucas 24:27).
Um grande princípio que todo cristão honesto deveria observar para conhecer a verdadeira interpretação bíblica é seguir o nobre exemplo deixado pelos bereanos, que, diante de certas interpretações, ficavam “examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim”. (Atos 17:11).
Ao examinar as Escrituras Sagradas, o crente deve levar em consideração a perfeita harmonia existente entre os textos bíblicos, já que eles não possuem contradições. “À Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva”. (Isaías 8:20). As interpretações bíblicas não devem ser baseadas num único texto, mas em vários, haja vista que as mensagens bíblicas encontram-se “um pouco aqui, um pouco ali”. (Isaías 28:10). A interpretação correta está em perfeita conformidade com todos os textos bíblicos, devendo o crente sincero desprezar as interpretações que contradizem qualquer texto das Escrituras Sagradas.
Disse Jesus: “a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35). Denota-se, portanto, que a interpretação – qualquer que seja sua origem – não deve estar aquém ou além da clara orientação da Palavra de Deus. Contudo, algumas pessoas que supõem crer nas Escrituras Sagradas, na realidade, estão tão arraigadas e endurecidas nos seus próprios erros e nas suas falsas interpretações que deles poder-se-ia dizer: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”. (Lucas 16:31).