O que significa o dom de línguas estranhas na Bíblia? Como funciona?
Com relação à expressão “línguas estranhas” registrada em I Coríntios 14:2, 4-6, nota-se que a palavra “estranha” está grifada em itálico para mostrar ao leitor que tal palavra não existe no texto original. Porém, foi colocada pelo tradutor para dar sentido ao texto bíblico traduzido.
Observe em I Coríntios 14:19 o verdadeiro significado da equivocada expressão “língua estranha”, que foi acrescentada gratuitamente na Bíblia Sagrada pelo tradutor João Ferreira de Almeida: “língua desconhecida”.
A tradução “língua desconhecida” está correta, conforme atesta o texto original. No lugar da expressão “língua estranha” o tradutor deveria ter colocado o texto bíblico: “língua desconhecida”.
Em I Coríntios 12:10 e 28 Paulo emprega a expressão “variedade de línguas”, para mostrar que o dom de língua refere-se a outros idiomas, e não um tipo de língua constituída por meia dúzia de palavras desconexas e extáticas que os evangélicos e católicos carismáticos empregam como se fosse o verdadeiro dom de línguas bíblico.
As expressões “língua desconhecida” e “variedade de línguas” são mais condizentes do que “línguas estranhas”, cujo vocabulário não existe no texto original.
Foi com vistas à pregação do evangelho que Jesus Cristo prometeu aos discípulos o dom de línguas. Observe: “falarão novas línguas”. (Marcos 16:17). Note bem, Jesus disse que os discípulos falariam “novas línguas”, e não que falariam “línguas estranhas”. E por que falariam novas línguas? A resposta está dentro do contexto: os discípulos falariam novas línguas para pregar o evangelho entre as diversas nações do mundo.
Todos os discípulos estavam reunidos em Jerusalém, diante de uma multidão “de todas as nações que estão debaixo do Céu”. (Atos 2:5), em cumprimento à promessa de Jesus, os discípulos “foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. (Atos 2:4).
Observe que os discípulos falaram outras línguas. Não se tratava de línguas estranhas, mas eram os idiomas existentes entre os representantes das nações que estavam reunidas em Jerusalém: “partos e medas, elamitas, Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frígia, Panfília, Egito, Líbia, Cirene, romanos, cretenses e árabes”. (Atos 2:9-11).
Lucas, ao escrever o livro intitulado “Atos dos Apóstolos”, relacionou 16 (dezesseis) países, deixando claro que os discípulos falaram em dezesseis idiomas distintos, que eram as línguas de nações estrangeiras, as quais foram perfeitamente compreendidas pela multidão: “Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” (Atos 2:8).
A expressão “língua estranha”, com o sentido de esquisita, é totalmente desconhecida na Palavra de Deus. As Escrituras revelam que os discípulos receberam o dom de línguas, mas não eram línguas “estranhas”. Eram as línguas das nações do mundo, certamente desconhecidas para eles, que eram indoutos; todavia, pelo dom do Espírito Santo, passaram a falá-las e a comunicarem-se perfeitamente com as pessoas, coisas que as “línguas estranhas” não fazem.